Para tudo e para todos, tu existes;
Só que, tempo, és deveras implacável;
Não olhas, se olvidado, ou se notável,
Se tão pequeninos, ou se tão gigantes,
Se no hoje, no ontem, ou no outrora.
Oh, tempo! Queria que não existisses,
Ou que, pelo menos, parastes um pouco,
Nos momentos de pura felicidade;
Preservada fosse a nossa mocidade,
Nos mais incontidos sonhos de um louco,
Louco por mais viver se tu não mentisses.
Oh, tempo! Que cantem os pássaros no seu dia
Indiferentes a sublimação do seu canto,
A mais amavel e divinizada canção;
Que, enquanto é tempo, haja mais coração,
Sem que a razão venha sofrer o desencanto,
Dos seres irresolutos, todavia.
Oh, tempo! O teu final é individualizado,
E deixas as marcas que marcam a vida,
Por caminhos intrépidos, ou doloridos;
Alivias os meus pés, que me estão feridos,
Pois tenho que caminhar na minha ida,
Em busca de um sonho a ser realizado.
Paulo Holanda
