Dia a dia,
Deus nos agracia,
Mostrando a prova
Do seu divino amor;
Posso até não ter fé,
Posso cair até
No abismo da desilusão;
E, eu eloquente,
A vida maldizer;
Posso dizer horrores,
E, qual vulcão atormentado,
Expelir dissabores
De larvas negativas;
Posso porque ativas
Estão minhas tormentas,
As sombras indesejáveis
De uma vida sem cor;
Só não posso e não devo,
No limite do meu ser,
Querer ser o que não sou;
E continuo onde estou,
Pois a verdade impera
E esta não espera
Que a mentira progrida;
E vejo que tudo é vida
Seja como for;
E vejo que viver
Intensamente,
Não depende nunca da gente,
Mas, do único SER criador;
Viver já é ser agraciado,
E eu, pobre coitado,
A lhe dizer tanta asneira
O SEU amor é infinito
E a pequenez do meu grito,
Não alcança o que significa;
ELE é a glória que edifica,
E que transcende o meu eu;
Dia a dia,
Deus nos agracia,
Dando-nos a vida,
A alegria e a dor.
Paulo Holanda