sábado, 21 de abril de 2012

O Autor

  Assim como a mente concede o que a pena escreve, eu vejo a vida. Assim, a olho em seu doce encanto.
  É o que se segue em quadros, iguais a tantos outros. Apenas moldurados na realidade e simplesmente carbonados de liçoes cotidianas.
  Antes, porém, algo que se diz ligado às minhas inspirações, numa pintura simples e discreta, sem intenção de mácula filosófica e literária, da sapiência e erudição de muitos que existem na vida.
  Chovia... Milhares e milhares de pingos de água caíam por sobre o solo.
  Era como se a terra, árida e seca, aos céus clamasse: fertilidade e abundância!
  Na proporção em que a chuva caía, meus olhos confundiam a sucessão de pingos com paralelas linhas, limitadas na terra e transformadas num todo. Daí observei que as águas, escorregando bruscamente, queriam pousada.
  Maravilhado com o que via, imaginei acompanhar a sua caminhada. E vi o solo sugando as águas e vi as águas darem vida às plantas. Na realidade, senti-me encantado e pensei num advento promissor.
  Vieram os frutos... Veio a colheita...
  Um caminho a seguir, um existir a cultivar.
  Nós, homens, somos os responsáveis pelo que semeamos.
  Dando à vida, objetividade, seus frutos terão objetivos e, abundante será a colheita.
  O tempo somará o nosso trabalho e nos dará o bom ou o mau fruto. Desta relatividade é que chegaremos à potencialidade absoluta > Deus.
  A chuva não cessará... E continuará sempre e sempre a deslumbrar os olhos dos que vêem, a mostrar coisas grandiosas aos que, com grandiosidade, vêem as coisas.
  Vi, simplesmente, um quadro e tentei pintá-lo, transcrevendo-o... Os pingos da tinta que eram pincelados não foram suficientes para dizer de sua total beleza. O que se limitava na terra, confundia-se nas linhas do horizonte infindo. Entretanto, de pingos em pingos, farei jorrar o que me vai n'alma. E, nessa sucessão, anseio que o que há de vir, seja a boa semente semeada, o bom fruto a colher.

                                                                         
                                                                       Paulo Inaldo de Holanda Coêlho